CULTURA POP ( http://www.compos.org.br/data/Cultura_pop_repositorio.pdf )
9-16 > "Apresentação: O Pop não poupa ninguém?", Simone Pereira de Sá / Rodrigo Carreiro / Rogerio Ferraraz
volatilidade, transitoriedade, "contaminação" dos produtos culturais pela lógica efêmera do mercado e do consumo massivo e espetacularizado.
> múltiplas implicações estéticas, sublinhadas por por questões de gosto e valor; também afeta e é afetada por relações de trabalho, capital e poder.
"desejos transnacionais de cosmopolitismo nos mais diferentes recônditos do planeta" (p. 9)
19-33 > "Percursos para estudos sobre música pop", Thiago Soares
"formas de produção e consumo de produtos orientados por uma lógica de mercado" (p. 19)
o POP circunscreve "produtos populares, no sentido de orientados para o que podemos chamar vagamente de massa, "grande público", e que são produzidos dentro de premissas das indústrias de cultura" (p. 19)
CRISE DA ARTE: pop art admite essa crise, obras que refletissem a massificação da cultura popular capitalista. Discutia-se a existência de uma estética das massas; cultura pop, mas + kitsch nesse caso. "a principal característica de todas as expressões é, deliberadamente, se voltar para a noção de retorno financeiro e imposições capitalistas em seus modos de produção e consumo" (p. 20)
"Mainstream", de acordo com Frédéric Martel (2012, resumo e não citação): "a produção de bens culturais criados sob a égide do capitalismo tardio e cognitivo que ocupa lugar de destaque dentro dos circuitos de consumo midiático" (p. 21-22)
CULTURA POP + ESTÉTICAS DO ENTRETENIMENTO (p. 22)
de acordo com Walter Benjamin, "formas comunicativas criam novos modos de ver e compreender o mundo" (p. 23)
- era audiovisual > nova sensibilidade, um novo raciocínio, mais estético, mais visual e sonoro.
de acordo com uma tradição da crítica estética da mercadoria, em uma inclinação analítica segundo a qual se afirma que "estamos diante de fenômenos de baixa qualidade estética"... aponta "a tal estética 'do capital' como um modo 'nocivo' de experienciar os objetos que estariam excessivamente codificados pelas relações mercantis e capitalistas" (p. 23)
"estamos num estágio do capitalismo em que não podemos trabalhar análises binárias sobre as relações entre capital e cultura. Os produtos culturais, hoje, têm em sua gênese a ingerência de um sentido do capital, aquele atrelado ao marketing e às formas de posicionamento de marcas dentro de uma cultura" (p. 23-24)
"as ações de organizações, de marcas, de posicionamentos de empresas, se aproximam das expressões da cultura de forma a gerar produtos/processos que não são, necessariamente, tolhidos de qualquer verve de criatividade e inovação" (p. 24)
discussões sobre valor, questionamentos sobre as noções de alta e baixa cultura, embaralhamento das formas culturais... lógicas de legitimação! (valor)
"O pop que nos referimos é também uma negociação de gosto, afetos, compartilhamento de fenômenos" (p. 26)
define-se o "cânone enquanto instituição, 'escolarização' do gosto e das escolhas" (p. 27)
DISPUTAS envolvem o cânone: valorização/desvalorização de correntes estéticas, capitais culturais das sociedades pós-modernas, reivindicações de representatividades por parte de estratos específicos de fruidores, repercussão crítica de fãs e de haters" (p. 27)
VALORES POLÍTICOS! "imagens atravessadas por clichês, elementos de linguagem que potencializam adesões" (p. 29)
35-43 > "Temporalidade e quotidianidade do pop", Fábio Fonseca de Castro
"O pop seria uma 'massa cultural' que degenera a autoridade intelectual sobre o gosto. Um processo social que se torna dominante a partir dos anos 1960 e cuja principal característica é a sua efemeridade" (p. 36).
"Observamos que há duas grandes famílias de interpretação das origens do fenômeno pop: as fisiológicas, que o compreendem como empobrecimento e como resultado de um esgarçamento dos tecidos e padrões culturais; e as materialistas, que o colocam como consequência de um processo de complexificação da sociedade capitalista, seja descrevendo-o como apropriação de práticas, usos e costumes culturais por classes desprivilegiadas, seja compreendendo-o como estágio da cultura capitalista avançada" (p. 37).
"A marca central da cultura pop seria o seu caráter imediato e efêmero, sua pouca duração, sua momentaneidade e sua quotidianidade" (p. 38)
45-56 > "Cultura pop: entre o popular e a distinção", Jeder Janotti Junior
"Rotular algo como pop pode servir tanto como uma adjetivação desqualificadora, destacando elementos descartáveis dos produtos midiáticos, bem como para afirmações de sensibilidades cosmopolitas, modos de habitar o mundo que relativizam o peso das tradições locais e projetam sensibilidades partilhadas globalmente." (p.45)
"Vale notar que os encontros estéticos e econômicos entre as possibilidades de alta circulação da cultura pop e a busca de traços distintivos no consumo de produtos seriais mobiliza uma ampla gama de possibilidades mercadológicas e poéticas em torno do pop, criando tensões entre o que sustenta os valores na cultura pop: altos índices de vendagem, popularidade, diferenciação, distinção, reconhecimento do público ou reconhecimento crítico." (p. 46)
“As mobilizações em torno da cultura pop, independentemente de sua diversidade, são sempre atravessadas por valorações que pressupõem modos cosmopolitas de habitar e desabitar o mundo, projetando territórios informacionais em que as raízes locais se tornam difusas.” (p. 46)
“Incorporando às discussões culturalistas os agenciamentos tecnológicos pode-se reconfigurar as sensibilidades pop não só sob a ótica do consumo e apropriação de produtos culturais, bem como da capacidade que são esperadas dos habitantes da cosmópolis pop de reterritorializar linguagens e ferramentas da cultura midiática.” (p. 46)
“A designação da cultura pop como cosmopolita articula um tipo de circulação que caracteriza as expressões culturais em sua produção midiática. Esse tipo de circularidade estabelece fluxos de aproximações e diferenças que são reunidos em torno do modo como os produtos culturais contemporâneos projetam um comum – um espaço midiático –, ao mesmo tempo em que servem como formas diferenciadas de fazer circular esses produtos.” (p. 48)
“A cultura pop também atravessa o popular através dos atos cotidianos de comentar, ouvir, valorar e produzir expressões culturais que emulam parte da linguagem dos produtos de alto alcance, como acontece com vídeos artesanais do Youtube e produções musicais caseiras. Mas a cultura pop se diferencia em seu desapego do peso das tradições locais.” (p. 50)
“Quando a cultura pop aciona a degustação das expressões culturais contemporâneas como performances, modos de agenciamento entre atores humanos e artefatos midiáticos que transformam a própria ideia de cultura, observa-se que: “Os objetos são entidades a serem provadas, que se revelam no e pelo trabalho do gosto, indissociáveis da atividade coletiva e história que faz deles objetos com os quais nos ligamos”. (HENNION, 2011, p. 265) Objetos aqui são ao mesmo tempo objetos do desejo a que são direcionadas energias e agenciamentos dos sujeitos individuais e coletivos, bem como objetos midiáticos que materializam gostos e afetos nas formas como nos relacionamos, e somos relacionados, por eles.” (p. 50)
“O valor no mundo pop está interligado aos acionamentos estéticos dessas circulações e das conexões entre mercado e poética, gosto e valor econômico.” (p. 51)
“A dinâmica da articulação dos valores em torno da cultura pop pode operar distinções através de valores de uso (o que se faz com os objetos culturais em seus os agenciamentos afetivos), valor de troca (inter-relação com seu valor econômico), valor cultural (identitário) e valor estético (conflitos e partilhas sensíveis). Assim, o reconhecimento ou desqualificação do valor de um filme, de um álbum, de um seriado, compõem essa dinâmica gustativa do universo pop, modos em que a associações entre de corpos e objetos habitam o mundo.” (p. 51)
“Se uma parte considerável da cultura pop é caracterizada por sensibilidades corpóreas ligadas às especificidades de gêneros musicais globalizados e cinemas de nicho, por outro lado, uma parcela significativa dos consumidores da cultura pop envelheceu junto com seus ídolos e, ao lado do fechamento de certos consumos dedicados, nota-se a presença de consumidores onívoros, que acionam o rock ou o cinema de arte como uma das referências em leques mais amplos de consumo cultural.” (p. 53)
“Nesta direção, antes de ligar a cultura pop a uma determinada faixa etária ou período histórico é interessante repensar os fenômenos da “cultura pop” a partir de “microestruturas globais” que possibilitam abarcar as sensibilidades cosmopolitas, ou seja, esse alcance não precisa, necessariamente, ser massivo em sentido amplo e sim, em sentido estrito: experiências de nicho amplificadas globalmente. Essas singularidades ganham vida (e são vivenciadas) em conexões mais amplas com seus contextos culturais, que envolvem desde amplitude de sua circulação até sua presença em espaço de contatos e fricções locais.” (p. 53)